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Um novo olhar sobre saúde mental no trabalho

Fernanda Antonelli

Escrito por: Fernanda Antonelli - 11/09/2025

Com o avanço da agenda da saúde mental nas empresas, impulsionado por dados preocupantes que mostram o aumento expressivo de transtornos como ansiedade, depressão e burnout, nossas organizações têm sido desafiadas a adotar um olhar mais humano e estratégico sobre o bem-estar.

A atualização da NR‑1, via Portaria MTE n.º 1.419/2024, trouxe uma mudança significativa: desde maio de 2025, as empresas passaram a ter obrigatoriedade legal de incluir riscos psicossociais – como estresse, assédio, sobrecarga mental, metas abusivas e desequilíbrio entre vida pessoal e profissional – em seus Programas de Gerenciamento de Riscos (PGR).

Essa inclusão, antes apenas recomendada, agora é formal: os riscos emocionais devem ser tratados com o mesmo rigor dos riscos físicos.

Por que isso importa?

A ansiedade e a depressão já figuram entre as principais causas de afastamentos laborais no Brasil. Em 2024, o país registrou o maior número de afastamentos do trabalho por transtornos mentais em uma década, com quase meio milhão de licenças concedidas pelo Ministério da Previdência Social, uma marca histórica que reflete uma crise de saúde mental.

Além do cumprimento da norma, sem dúvida alguma esse momento é uma oportunidade estratégica para as empresas fortalecerem suas culturas internas e promoverem ambientes de trabalho saudáveis e psicologicamente seguros, aspectos essenciais para reter talentos e conquistar resultados de forma sustentável, não é mesmo?

Mas o que está acontecendo com nossos ambientes de trabalho?

Acredito que nossos ambientes de trabalho estão refletindo a velocidade e a intensidade das transformações do mundo contemporâneo.

A invasão tecnológica sobre quase todas as esferas da vida, a hiperconectividade e a linha cada vez mais tênue entre vida pessoal e profissional têm impactado diretamente a saúde mental das pessoas. Isso sem falar nas constantes mudanças no mercado de trabalho e na competitividade acelerada, que exigem das pessoas níveis elevados de adaptação, criatividade e flexibilidade.

Vale pontuar que a pandemia foi um marco nesse processo, abrindo espaço para novas formas de trabalhar, mas, também, ampliando sentimentos de isolamento, sobrecarga e insegurança.

Nem todos conseguem lidar com essas demandas sem sofrer desgastes emocionais. Isso explica, pelo menos em grande parte, a razão pela qual a saúde mental no trabalho tem ganhado tanta relevância.

Todas estas questões envolvendo a saúde mental claramente não devem ser encaradas apenas sob uma perspectiva individual, mas sim como um desafio coletivo que impacta a produtividade, o engajamento e a sustentabilidade empresarial.

Convivência entre gerações: um antídoto contra os transtornos mentais

Além de mapear e documentar os riscos psicossociais de acordo com seu nível de severidade, registrar o plano de ação correspondente e capacitar líderes e equipes para identificar e agir preventivamente sobre esses fatores, é preciso engajar diferentes gerações neste tema.

Eu diria que esse é um dos principais pontos chave para construir confiança internamente e, com isso, fortalecer o clima organizacional e trabalhar preventivamente.

A convivência entre diferentes gerações e perfis gera um cenário de maior empatia e colaboração – e essas são competências essenciais para que possamos lidar os desafios do nosso tempo.

Precisamos assegurar o espaço para a convivência do dia a dia, incentivar mais contato humano e mais trocas. Criar cenários favoráveis para que as pessoas não se afastem, mas sim se aproximem e se conectem – também e principalmente no offline – é essencial para continuarmos aprendendo uns com os outros, para o sentimento de pertencer e para o bem-estar.

Como a tecnologia e a inteligência artificial podem ajudar?

A tecnologia e a inteligência artificial oferecem oportunidades poderosas para apoiar empresas nesse desafio.

Ferramentas digitais que permitem o monitoramento do clima organizacional e a identificação de sinais de riscos, inteligência de dados para ajudar líderes a tomar decisões mais embasadas e preventivas, aplicativos que utilizam a IA generativa em apoio à promoção da saúde e bem-estar: tudo isso são possibilidades para construir caminhos e soluções que permitam uma boa gestão dos riscos relacionados à saúde mental.

É importante destacar, no entanto, que se por um lado esses recursos ampliam horizontes e nos ajudam a ganhar produtividade e eficiência, por outro lado é preciso ter um olhar contínuo e crítico para a relação entre dados e ética e para a importância do equilíbrio entre o online e o offline.

Afinal, o cuidado e o olhar humanizado para as pessoas é imperativo para que evoluamos de forma responsável nessa agenda.

Como sua empresa tem atuado para a gestão de riscos relacionados à saúde mental? Quais práticas estão no radar ou já estão fazendo diferença?

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